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sábado, 10 de março de 2012

ELEMENTO VITAL A HUMANIDADE

O documento de Kyoto
ntre os dias 16 e 23 de março, foi realizado o 3.º Fórum Mundial da Água, em Kyoto no Japão, cujo documento, divulgado dia 24, decepcionou todos os delegados dos diversos países. Em lugar de tomar decisões para definir uma política séria e competente sobre o grave problema da escassez da água potável, o documento se limitou a sugestões pouco comprometedoras.
A reunião teve a participação de delegações de 170 países e territórios, mais os representantes de 43 organizações internacionais e Ongs, cujo intuito era ver como realizar a proposta da Cúpula de Johannesburgo, isto é, de reduzir pela metade, até 2015, o número das pessoas que não têm acesso à água potável, Atualmente, no mundo, há 1,4 bilhão de pessoas com dificuldade de acesso a água potável, e outros 2,3 bilhões não têm um sistema básico de saneamento.
Apesar das declarações enfáticas sobre o valor da água e a erradicação da fome, no documento de Kyoto, não se reconheceu, como direito fundamental dos povos, o acesso à água potável, conforme o pedido das Ongs. Estas denunciaram, também, a existência de interesses econômicos por trás do relatório, privilegiando grandes projetos que envolvem muito dinheiro e ignorando, de propósito, os pequenos investimentos locais que seriam muito mais baratos e eficientes para resolver o problema da água potável.
entou-se justificar a guerra no Iraque com vários motivos, como a necessidade de derrubar um ditador, mas sabemos que a principal causa é a posse do petróleo abundante no subsolo iraquiano, fato que torna o Iraque o segundo maior produtor desse ouro que se torna cada vez mais importante e cada vez mais escasso. Os outros motivos são desculpas para tentar dar à guerra certa legitimidade. Menos visível, mas também muito importante, há uma outra causa para esse conflito: o controle das águas dos rios Tigre e Eufrates.
Situado na região árida e desértica do Oriente Médio, o Iraque, além do petróleo, possui o domínio desses rios e poderia, num futuro, construir barragens e fazer chantagem com os países vizinhos. A água, também chamada ouro azul, hoje, é mais importante que o petróleo por causa de sua escassez, provocada pelo descaso dos países que a consideravam abundante e inesgotável. O Kuwait, país rico em petróleo, dispõe somente de 10 metros cúbicos/ano de água por habitante, enquanto a média considerada mínima para a subsistência de um país seria de 1000 metros cúbicos ao ano por habitante.
Outros países já sofrem dessa escassez, como Japão, Arábia Saudita, Israel, Síria. Entre estes dois últimos, o rio Jordão já foi já motivo de guerra e ainda o será, num futuro mais ou menos próximo, se não houver uma regulamentação internacional do uso da água dos rios. O rio Jordão nasce na Síria, mas abastece Israel. Assim, com o intuito de prejudicar o país vizinho, a Síria já tentou desviar o rio para seu território, mas essa tentativa gerou um ataque das forças israelenses (1965) que ocuparam as colinas de Golan - fato que possibilita o controle das fontes de água do rio - e, até agora, ainda não as restituíram.
O lago de Tiberíades, a maior reserva de água doce em Israel, já abaixou 40 cm de seu nível e o uso da água potável em Israel é rigorosamente controlado. A Onu já alertou que a água e seu controle serão motivo de crises e de guerras em tempos próximos. Enquanto a humanidade, o superpovoamento e a indústria requerem, cada vez mais, uma maior demanda desse elemento, temos, de outro lado, uma diminuição de água potável, o que provocaria nos países mais ricos, à vontade de dominar as fontes de água potável até pela conquista armada.
ELEMENTO VITAL A HUMANIDADE
É necessário destacar que estamos falando de água potável (ou água doce) que é aquela diretamente necessária à vida humana e não da água dos mares e oceanos, abundante, mas que, sendo salgada, deveria ser antes dessalinizada para ser aproveitada. Esse processo comporta custos muito altos e, até hoje, ainda não se descobriu nada mais barato. A água potável constitui, hoje, 3% do total das águas da Terra, sendo que 2/3 estão acumulados nas geleiras polares e das montanhas, nos rios e represada nos lagos.
Devido à configuração geológica da terra, a água se concentra em abundância em algumas regiões, enquanto é escassa em outras: 60% da água potável está praticamente numa dezena de países como o Brasil, que possui de 13 - 17% de toda a água potável do mundo. Há outros que não têm o mínimo suficiente para o consumo e precisam importar. A água doce é a alma da vida, alimenta e deveria matar a sede da humanidade, dos animais e das plantas. Onde ela não existe, o deserto se instala. Todavia, hoje, a função de manter a vida está ameaçada, porque somente 10 -20% de toda água doce existente em muitos países, onde existe abundância hídrica e tecnologia, serve para o consumo humano.
O resto é levianamente desperdiçado, desviado para processos químicos e industriais, poluído e se torna impróprio ao uso. Entre o consumo industrial e agrícola, às vezes misturada com agrotóxicos para a irrigação, os países ricos em água potável perdem até 80% de seu potencial. Cálculos de entidades internacionais ligadas à Onu, indicam que a água necessária para cada pessoa poder cozinhar, beber e lavar-se em uso doméstico é de um mínimo de 40 litros por dia. Contudo, a Organização Mundial da Saúde denuncia que mais de 1,5 bilhão de pessoas não dispõem desse mínimo de água potável e prevê que, dentro de alguns anos, por motivos vários, como o descaso das autoridades, a poluição crescente, o desperdício fácil e as catástrofes que podem modificar o clima em vários lugares, o número de pessoas sem água poderá duplicar.
A NECESSIDADE DE POUPAR A ÁGUA
A situação pode, portanto, se tornar alarmante, se não mudarmos radicalmente a nossa mentalidade sobre o uso da água e enquanto temos ainda a possibilidade de responder positivamente a essa exigência. Atualmente, existe água em quantidade suficiente, mas deve ser usada conforme as prioridades e os princípios de solidariedade e responsabilidade, porque, apesar do não reconhecimento no Fórum de Kyoto, ela é um direito inalienável de toda pessoa que vive no planeta.
É necessário, portanto, que todos tenham consciência de que poluir a água e desperdiçá-la é um crime contra a humanidade de hoje e a futura. Ninguém e nenhum país pode se apropriar das águas comunitárias e dos rios, embora atravessando territórios soberanos, chantageando e impedindo a outros de se beneficiarem delas. Seu uso deve ser regulamentado por normas internacionais severas, que facilitem o reconhecimento dos direitos de todos à água.
Os países que mais têm água e os que têm menos
  • 60% da água doce está concentrada em poucos países que, em ordem decrescente, são: Brasil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, Estados Unidos, Índia, Colômbia. Zaire, Papua Nova Guiné.
  • Os países que mais sofrem a falta de água são, em geral, os africanos, onde 300 milhões ou 62% das pessoas, não têm água suficiente para sua vida normal. 313 milhões de pessoas estão sem saneamento básico, fator que acarreta doenças de todos os tipos.
  • Na Ásia, 693 milhões não têm acesso à água potável, através dos serviços públicos, enquanto 1,9 bilhão de pessoas carecem de saneamento básico.
  • Na América Latina, 15% da população não têm acesso à água (cerca de 78 milhões) e 117 milhões, ao saneamento básico.
  • Na Europa, apenas 0,5% da população nas áreas rurais não têm acesso à água encanada e 6% não dispõe de saneamento básico.
O Brasil e a água
O Brasil é o país com o maior potencial hídrico do mundo: os valores variam entre 13-17% de toda a água doce do mundo e, de toda essa quantidade, 70% estaria na Amazônia, onde vivem somente 7% da população brasileira. Apesar dessa grande quantidade, muitas pessoas do nordeste semi-árido não têm água suficiente e passam por períodos de seca, sede e fome, como nos mostram periodicamente as redes nacionais de televisão.
Existe água abundante também no subsolo brasileiro e que poderia ser captada para suprir as necessidades da população, dos animais e da irrigação, mas nunca, apesar da promessa de todos os governos desde dom Pedro I, uma solução para a seca foi levada a sério.
Enquanto há desperdício em alguns lugares, há descuido por parte das autoridades em solucionar definitivamente esse problema com planos reais e concretos, seja através da construção de poços artesianos, seja por meio da transposição das águas dos rios, abundantes no norte e nordeste. Há, ainda, um programa mantido pelo governo que colabora com recursos técnicos com as comunidades carentes de água: é o Programa de Combate à Pobreza Rural - PCPR.

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